(J. Slauerhoff - Custódio Castelo) Tinha amor à terra que o mar lhe ocultava Amor, como uma mulher ao ente que vai nascer Assim ia cuidando e em sonhos se afundava No alto da coberta, olhando a proa erguer
Pareceu-lhe que algo se mexia Uma névoa ao longe a querer romper Enquanto o barco, espumando, as águas dividia De encontro à terra prestes a nascer
Ao descobri-la porém, soube-lhe a traição Nada os unia. Oculto no silêncio, nenhum cordão De novo quis encobri-la mas era tarde de mais: Nua jazia aos olhos do mundo. Apenas lhe restava Seguir curso tristemente, sem destino nem cais E sem corrente – vazio de si no vazio dos mares