Do Japão Quero uma máquina de filmar sonhos Pra registrar nas noites de verão Meu corpo astral leve, feliz, risonho Voando alto como um gavião Que filme dentro de minha cabeça Todo pensamento raro que eu mereça Toda ilusão a cores que apareça Toda beleza de sonhar em vão
Do Japão Quero também um trem-bala-de-coco Pra atravessar túneis do dissabor Quero um microcomputador barroco Que seja louco e desprograme a dor Visitar um templo zen-desbundista Conversar com um samurai futurista Que me dê pistas sobre o sol-nascente Que me oriente sobre o novo amor
Do Japão Quero uma gueixa que em poucos minutos Da minha queixa faça uma paixão Descubra novos sentimentos brutos E, enfeitiçada, tome um avião E a gente vá viver num outro mundo Pra lá do Terceiro ou Quarto ou Quinto Mundo Onde a rainha seja uma açucena E a divindade, a pena do pavão