Hoje acordaste de uma forma diferente dos outros dias Sentes-te estranho Tens as mãos húmidas e frias Tentas lembrar-te de algum pesadelo Mas o esforço é em vão Parece-te ouvir passos dentro de casa Mas não sabes de quem são
Deixas o quarto E vais à sala espreitar atrás do sofá Mas aí tu já suspeitas que os fantasmas não estão lá Vais à janela e ao olhares para fora Sentes que perdeste o teu centro E de repente descobres Que chegou a hora de olhares para dentro
Porque há qualquer coisa que não bate certo Qualquer coisa que deixaste para trás em aberto Qualquer coisa que te impede de te veres ao espelho nu E não podes deixar de sentir que o culpado és tu
Vês o teu nome escrito num envelope Que rasgas nervosamente Tu já tinhas lido essa carta antecipadamente E os teus olhos ignoram as letras E fixam as entrelinhas E exclamas: 'Mas afinal... estas palavras são minhas!'
O caminho para trás está vedado E tens um muro à tua frente E quando olhas prós lados vês a mobília indiferente E abandonas essa casa Onde sentiste o chão a fugir Arquitectas outra morada, Mas sabes que estás a mentir
Porque há qualquer coisa que não bate certo Qualquer coisa que deixaste para trás em aberto Qualquer coisa que te impede de te veres ao espelho nu E não podes deixar de sentir que o culpado és tu E não podes deixar de sentir que o culpado és tu