Dá-me um pedacinho mais de coragem E põe nos meus gestos audácia Diz que sou capaz de ser e fazer melhor Que eu não acredito Que isto seja tudo E que fique mudo este meu pensar
Tira-me este frágil conforto Que me traz em paz simulada Nada é intocável na vida Que eu prefiro o cruel da verdade Que andar à toa e doer bem mais Descobrir a vida tarde demais
Já lá vai o fado escuro Já lá vai o medo em muro Já lá vai não querer dizer o que aí vem Já lá vai não querer saber pra onde vai Já lá vai o não querer ver Que é sem segredo Que damos cabo do medo
Sou um pé de vento contido Procurando a rosa dos ventos Que todos trazemos na alma Eu não sei caminhar sem um norte Quero o como, por onde o porquê também Eu não vivo só entregue à minha sorte
Levanto a poeira das estradas Numa inquietante ansiedade De quem tem a sede do mundo E a explosão que acompanha a partida Faz-me crer que lá vai a tristeza Faz-me ter certeza que a noite está vencida