Há sempre um piano Um piano selvagem Que nos gela o coração E nos trás a imagem Daquele inverno Naquele inferno Há sempre a lembrança De um olhar a sangrar De um soldado perdido Em terras do Ultramar Por obrigação Aquela missão Combater a selva sem saber porquê E sentir o inferno a matar alguém E quem regressou Guarda sensação Que lutou numa guerra sem razão... Sem razão... sem razão... Há sempre a palavra A palavra 'nação' Os chefes trazem e usam Pra esconder a razão Da sua vontade Aquela verdade E para eles aquele inverno Será sempre o mesmo inferno Que ninguém poderá esquecer Ter que matar ou morrer Ao sabor do vento Naquele tormento Perguntei ao céu: será sempre assim? Poderá o inverno nunca ter um fim? Não sei responder Só talvez lembrar O que alguém que voltou a veio contar... recordar... Recordar... Aquele Inverno