Um homem estava sentado à sombra duma azinheira Quando ouviu na ramagem uma ave cantadeira Lançada em cantorias sem mensagem sem destino Ou talvez cantasse ao sol que subia mesmo a pino
O homem era caçador cansado do seu caçar Tocado pela cantoria deu em querer cantar Subia a manhã dos tempos E não havia canções (e não havia canções) Não havia canções (não havia canções)
Desde então na azinheira sentou-se o caçador A ouvir a cantadeira e a sonhar-se cantador E assim o caçador foi usando a sua clave Foi abrindo a sua alma e caçou a alma da ave
Levou-a para a caverna estudou-a ao pormenor E de trinado em trinado descobriu o dó maior Subia a manhã dos tempos E não havia canções (e não havia canções) Não havia canções (não havia canções) Nãaaoooooo
Foi monge no seu mosteiro, mercador e camponês Trovador e guerreiro cantou o amor cortês De Gregório até Sinatra tornou-se voz apurada Da caverna até ao casino fez-se uma ave dourada
Que voa no céu do Scalla e no do Royal Albert Hall Sobre campos de algodão e urbes de rock and roll É o meio-dia dos tempos E ainda se inventam canções (e ainda se inventam canções ) Ainda se inventam canções (ainda se inventam canções) E ainda se inventam canções (e ainda se inventam canções ) E ainda se inventam canções (e ainda se inventam canções) E ainda se inventaaaaam Ainda se inventam canções (x16)